A eutanásia é um tema que tem sido bastante debatido na sociedade, nos meios de comunicação e nos meios científicos. A complexidade de tal temática é revelada pela multiplicidade de perspectivas envolvidas no debate, tais como: a teológica, a filosófica e a bioética e propicia implicações para a prática médica. As questões levantadas pelos avanços nas técnicas de manutenção da vida e prolongamento da sobrevida acabam por centralizar grande parte do debate sobre eutanásia e morte assistida.
A vivência da morte na sociedade contemporânea acaba por se restringir aos cenários hospitalares, ocorrendo uma negação profunda da mesma. Já sua vivência subjetiva fica por demais empobrecida e silenciada. Um argumento que influencia o atual debate sobre a eutanásia é o progresso da medicina, que não somente aumentou espetacularmente a expectativa de vida do ser humano, mas que também pode prolongar um longo e penoso processo de morrer. Com efeito, o progressivo envelhecimento da população permite que um maior contingente de pessoas chegue à senectude, tornando-se mais suscetível às moléstias crônicas e degenerativas, como os cânceres e, por conseguinte, a um processo de morrer mais prolongado e sujeito ao sofrimento.
O conceito de eutanásia carrega consigo o problema da distinção entre o que é ou não lícito, entre o que é liberdade para morrer e o que é o dever de salvar vidas. É aí que entra um dos pontos da discussão, pois a tradição hipocrática tem acarretado que os médicos e outros profissionais de saúde se dediquem a proteger e preservar a vida. Se a eutanásia for aceita como um ato médico, os médicos terão também a tarefa de causar a morte. A questão de nossa finitude existencial remonta a filosofia grega. A dimensão teológica está presente nas grandes questões bioéticas e contemporâneas, tais como: eutanásia, distanásia e mistanásia. A dimensão psicológica inerente ao tema do morrer foi elucidada nas contribuições da psiquiatra suíça Kübler-Ross. Esta psiquiatra observou as diferentes estratégias de enfrentamento do morrer. Pacientes graves na busca de alívio da angústia diante desta realidade, passam a negar, barganhar, chorar, se rebelar e alguns conseguem aceitar a realidade da morte. Os médicos, quanto ao aspecto moral, devem ter bem claro se morrer é, realmente, o desejo do paciente.
Percebe-se, portanto, que o tabu da morte acaba por impedir a realização de rituais mais humanizados e significativos no contexto médico contemporâneo. O mutismo diante do morrer não nos imuniza da angústia diante de nossa finitude existencial, nem tão pouco alivia a dor inerente aos processos de luto necessários à elaboração das perdas e à dissipação dos medos evocados pela morte, bem como impede o aprofundamento nas questões bioéticas fundamentais para o enfrentamento de tal questão.
Um breve resumo do artigo http://www.escs.edu.br/pesquisa/revista/2007Vol18_1art08amorteeomorrer.pdf
- Mariana Andrade
Triste seria a pessoal que sonhou e estudou para salvar,cuidar,tratar,diminuir o sofrimento, agora poder tirar a vida. Ao meu ver tirar a vida e salvar não tem como trilhar o mesmo percurso.
ResponderExcluirIsabele Freitas
Concordo!!
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