segunda-feira, 25 de maio de 2015

A História da Morte na Humanidade

   Por todo o desenvolvimento da humanidade, a morte foi assimilada com respeito, medo do desconhecido, modo de salvação ou rito de passagem. Sem dúvidas, a interpretação que o ser humano tem sobre a falência dos sistemas, a parada da atividade corpórea, a morte é única. Nenhum outro ser recebe a morte de maneira tão ritualística e temerosa. Talvez seja porque o ser humano tenha um desenvolvimento psiquico diferenciado em relação aos outros seres.

  Descobertas arqueológicas apontam que os Neandertais foram os primeiros a enterrar os mortos, substituindo hábitos como cobrir o cadáver de pedras, ou deixá-lo à mercê dos animais.
Mudanças nas concepções sobre a vida e a morte favoreceram o desenvolvimento de diversos ritos de passagem e de crenças religiosas. Os egípcios, por exemplo, acreditavam na eternidade e para isso eram realizados rituais e construções de tumbas, em que passavam por um longo processo de mumificação para conservar o corpo da deterioração. Também eram acompanhados dos seus objetos, o que possibilitava a conexão da alma com o corpo terreno.

   Outra representação da morte muito interessante é a que os gregos tinham. O morto era limpo, coberto com mortalha e se colocava uma moeda na sua boca. Essa moeda serviria como pagamento para o barqueiro do mundo dos mortos.

   Os romanos e, posteriormente, o catolicismo, influenciaram a concepção ocidental conteporânea da morte. Os romanos foram os primeiros a realizar esculturas em seus túmulos. Também realizavam a cremação como forma de passagem para uma nova fase. Já na idade média, a morte e o catolicismo andavam juntos. Quando o homem constatava que a morte estava próxima, pedia perdão dos seus pecados para ser levado ao paraíso, caso contrário, queimaria no fogo do inferno. Nesse período, a morte passou a ser personificada com horror, guerra e epidemias que alastravam sociedades inteiras. A igreja, dessa forma, usou este artifício como forma de cativo dos seus fieis, e estabeleceu-se então o medo da morte.

   O desenvolvimento das sociedades e, principalmente, das ciências biológicas deu espaço para a interpretação cientificista da morte: “O ser vivo morre devido a falhas orgânicas em um ou mais sistemas ou órgãos, impossibilitando a manutenção da homeostasia corporal”. Porém, sem dúvidas, o temor da morte assola a maioria dos indivíduos. Temor, esse, que não é unicamente reflexo religioso, mas também por medo de nunca mais ver as pessoas queridas. Uma interpretação inovadora sobre a morte, que surgiu no ambito médico, no século XVII, foi a morte como libertação do sofrimento. Essa nova interpretação surgiu como a eutanásia, com o objetivo de tirar o sofrimento daqueles doentes crônicos.

   Portanto, a morte sempre causou curiosidade, medo ou esperança para as populações. A interpretação da morte nada mais é do que o reflexo dos movimentos histórico-sociais, culturais e econômicos. E nesse sentido, talvez, o homem nunca tenha certeza de para onde vai após a vida terrena.



- Pedro Sales Pamponet

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