Por todo o desenvolvimento da
humanidade, a morte foi assimilada com respeito, medo do desconhecido, modo de
salvação ou rito de passagem. Sem dúvidas, a interpretação que o ser humano tem
sobre a falência dos sistemas, a parada da atividade corpórea, a morte é única.
Nenhum outro ser recebe a morte de maneira tão ritualística e temerosa. Talvez
seja porque o ser humano tenha um desenvolvimento psiquico diferenciado em
relação aos outros seres.
Descobertas arqueológicas apontam que os Neandertais foram os primeiros
a enterrar os mortos, substituindo hábitos como cobrir o cadáver de pedras, ou
deixá-lo à mercê dos animais.
Mudanças nas concepções sobre a vida e a morte favoreceram o desenvolvimento
de diversos ritos de passagem e de crenças religiosas. Os egípcios, por
exemplo, acreditavam na eternidade e para isso eram realizados rituais e
construções de tumbas, em que passavam por um longo processo de mumificação
para conservar o corpo da deterioração. Também eram acompanhados dos seus
objetos, o que possibilitava a conexão da alma com o corpo terreno.
Outra representação da morte
muito interessante é a que os gregos tinham. O morto era limpo, coberto com
mortalha e se colocava uma moeda na sua boca. Essa moeda serviria como pagamento
para o barqueiro do mundo dos mortos.
Os romanos e, posteriormente, o catolicismo, influenciaram a concepção
ocidental conteporânea da morte. Os romanos foram os primeiros a realizar
esculturas em seus túmulos. Também realizavam a cremação como forma de passagem
para uma nova fase. Já na idade média, a morte e o catolicismo andavam juntos. Quando
o homem constatava que a morte estava próxima, pedia perdão dos seus pecados
para ser levado ao paraíso, caso contrário, queimaria no fogo do inferno. Nesse
período, a morte passou a ser personificada com horror, guerra e epidemias que
alastravam sociedades inteiras. A igreja, dessa forma, usou este artifício como
forma de cativo dos seus fieis, e estabeleceu-se então o medo da morte.
O desenvolvimento das sociedades e, principalmente, das ciências
biológicas deu espaço para a interpretação cientificista da morte: “O ser vivo
morre devido a falhas orgânicas em um ou mais sistemas ou órgãos,
impossibilitando a manutenção da homeostasia corporal”. Porém, sem dúvidas, o
temor da morte assola a maioria dos indivíduos. Temor, esse, que não é
unicamente reflexo religioso, mas também por medo de nunca mais ver as pessoas
queridas. Uma interpretação inovadora sobre a morte, que surgiu no ambito
médico, no século XVII, foi a morte como libertação do sofrimento. Essa nova
interpretação surgiu como a eutanásia, com o objetivo de tirar o sofrimento
daqueles doentes crônicos.
Portanto, a morte sempre causou curiosidade, medo ou esperança para as
populações. A interpretação da morte nada mais é do que o reflexo dos
movimentos histórico-sociais, culturais e econômicos. E nesse sentido, talvez,
o homem nunca tenha certeza de para onde vai após a vida terrena.
- Pedro Sales Pamponet
Muito bom!
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